O Zeca Afonso dedica umhas palavras à Galiza num concerto em Viana do Castelo (1980). Queremos recuperá-las hoje, 25 de abril!
Infelizmente, há quem pense que os galegos são muito diferentes de nós e que falam uma língua chamada castelhano –outros dizem que falam uma língua chamada espanhol–. O que é certo é que na chamada Espanha existem, como toda a gente sabe, vários países, várias regiões, com uma personalidade própria, com uma cultura própria.
Ora, a Galiza, como bem foi destacado por um professor que era aqui do norte, que era o professor Rodrigues Lapa, pertence à mesma realidade cultural que Portugal, sobretudo que o norte de Portugal; mas por artes de berliques e birloques, partilhas, lutas entre senhores feudais, hoje existe uma fronteira a separar povos que têm praticamente a mesma língua e que são, aliás, muitíssimo semelhantes, até na sensibilidade.
Portanto, os galegos falam galego, ou seja, galaico-português, e não castelhano. Infelizmente, durante a ditadura franquista, tudo foi feito para que os galegos se envergonhassem da língua que falavam e a repressão a todos os níveis, mas a repressão à cultura e à forma de ser tradicional dos galegos foi de tal ordem, que o próprio galego foi definitivamente abolido das escolas: foi proibido falar galego.
Só muito recentemente é que, beneficiando de uma certa abertura que surgiu após a morte de Franco, do ditador, se está tentando recuperar a língua e falá-la nas escolas, mas enfim, entretanto, a língua sofreu deturpações, não é?, e já muito dificilmente pode ser restituída a sua pureza original.
Zeca Afonso.
1 comentario en “O Zeca Afonso: umhas palavras à Galiza neste 25 de abril”
Se o Afonso Henriques nâo se tivesse zangado com a mâe, os Minhotos manter-se-iam Galegos e o português era galego puro. Galaico-Português é uma redundância e a nossa primeira capital foi Guimarães