Autor da reportaxe: César Caramés. Máis contidos de Orgullo Galego con C. Caramés en vídeo.
Toda versom contemporânea sobre a Revoluçom Galega de 1846 bebe da revisom que X.R. Barreiro lhe practicou à questom nos anos 70. A sua obra mais importante sobre ela foi o livro de 1977 El levantamiento de 1846. Ali formulava umha crença que véu constituir o esteio fundamental para a negaçom da radicalidade ideológica do movimento de 1846. Barreiro cuidava que a principal fonte para conhecer a rebeliom, a Reseña histórica de los últimos acontecimientos políticos de Galicia publicada por Juan do Porto no mesmo verao de 1846, era umha exageraçom escrita por um nacionalista exaltado.

Para suster esta ideia, O catedrático de História Contemporánea da USC apanhava umha opiniom já presente no fundamental La Revolución Gallega, que Francisco Tettamancy publicara em 1908. Nela recolhia-se a suspeita de que Do Porto era apenas o pseudónimo dum provincialista.
Barreiro, num começo, iclinou-se por José Rua Figueroa sem nengumha argumentaçom que o justificasse. Quiçá pola maior radicalidade e implicaçom do personagem na revoluçom, quer dizer, pola sua ideonidade para argumentar a tendenciosidade nacionalista na obra de Do Porto.
Os historiadores que depois se vam aproximar aos eventos do 46 repetírom o pensamento de Barreiro. Justo Beramendi, por exemplo, é categórico no seu De provincia a nación de 2008.
Porém, em 2016, no livro Los perdedores, Barreiro subiu a aposta e de novo sem achegar nengum argumento. Rotundo e evocador, certifica que Do Porto nom só era um pseudónimo, trás dele agochava-se o próprio Faraldo, o líder provincialista protagonista da Revoluçom.
Mas o castelo de naipes esboroa de seu. Juan Do Porto foi um personagem real, um advogado compostelano, como o seu próprio livro assegurava. Nom só podemos documentá-lo na imprensa galega do momento, mesmo sabemos que chegou a juiz e a desempenhar um papel importante para a administraçom do Estado em Galiza.
O mais grave deste erro de partida da velha perspectiva é precisamente a adscriçom do autor da Reseña ao provincialismo. Do Porto enquadra-se no progressismo espanhol, mas para nada é galeguista. Avonda com ler atentamente o que ele mesmo escreveu para o perceber com claridade. O advogado observa e narra desde a perspectiva militar-progressista do levantamento. Tanto é assim, que critica em várias ocasions o labor da Junta de Compostela e da Superior de Galiza, quer dizer, reprocha duramente o papel do nacionalismo no movimento. Seria difícil de explicar que umha crónica realizada polo provincialismo com um pseudónimo carregasse contra si próprio com tanta dureza.
Contodo, o que acaba por clarificar de vez a questom da autoria é a polémica entre Do Porto por umha banda e Faraldo e Romero Ortiz desde o exílio português por outra. Disputa que recolheu a imprensa espanhola e que nom deixa nengum género de dúvidas. Aparece a denúncia inicial dos dous secretários das juntas principais em El Español de 08-07-1846, La Esperanza de 09-07-1846 e El Popular de 10-07-1846.
Juan Do Porto respondeu defendendo-se da acusaçom de falha de dados tal e como apanhou El Nuevo Espectador de 16-07-1846.
Esta falsa suposiçom da autoria nacionalista da principal fonte permitiu reduzir ou ignorar quanta referência ao carácter independentista da revoluçom aparecia, interpretando-as como exageraçons. Pola mesma, também se assegurava umha integraçom na narrativa histórica do espanholismo. Nela, os nacionalismos periféricos percebem-se como localismos exacerbados, alheios aos processos independentistas americanos e europeus, que lhe nascem a umha suposta naçom espanhola natural como fungos a um carvalho. O paroxismo desta óptica canónica produz-se em afirmaçons como as de Beramendi sobre o papel dos provincialistas nas Juntas revolucionárias de 1846 no seu De provincia a nación.
Pode resultar abraiante o contraste dos assertos deste também catedrático de História Contemporânea da USC cos dous primeiros pontos acordados pola Junta Superior de Galiza o 15 de Abril. Surprende quanto à obviedade de que umha declaraçom de independência de facto nom permite conceber descentralizaçons posteriores e quanto a que Beramendi o empregue para minorizar o primeiro nacionalismo galego.
Mais outro catedrático de Contemporânea da USC, Ramón Villares, colaborou também neste climax da velha perspectiva. No livro coral coordinado por Isidro Dubert Historia das historias de Galicia, de 2016, chegou a sinalar a Revoluçom Galega como galeguizaçom seródia dum pronunciamento espanhol.
O simples cotejo coas novas de 1846 renova com Villares o aglaio que nos produziam as conclussons de Beramendi. Velaí, um exemplo entre muitos, o que escreveu o corresponsal do nadrilenho El imparcial em 07-05-1846.
Chegados a este ponto, as conclusons resultam óbvias. A narrativa historiográfica sobre os acontecimentos de 1846 em Galiza padece fortes problemas quanto a fontes e interpretaçom por submeter-se à harmonizaçom coa historiografia espanhola. Cumpre umha nova perspectiva sobre a evoluçom do nacionalismo galego que mude o paradigma gradualista da velha, “de província a nación”, e integre o inegável independentismo inicial no contexto europeu e mundial que lhe corresponde.